Distopia Trumpista
No dia 04 de março de 2025, presidente Donald Trump discursou na Câmara dos Representantes no Capitólio em sessão conjunta do Congresso dos Estados Unidos. Esse evento contou com a presença de parlamentares e lideranças republicanas que revelaram todos os sinais de fanatismo doutrinário, como por exemplo: pensamento binário, culto à personalidade, distorção cognitiva, delírio coletivo e sacralização da causa.

Distopia Trumpista
No dia 04 de março de 2025, presidente Donald Trump discursou na Câmara dos Representantes no Capitólio em sessão conjunta do Congresso dos Estados Unidos. Esse evento contou com a presença de parlamentares e lideranças republicanas que revelaram todos os sinais de fanatismo doutrinário, como por exemplo: pensamento binário, culto à personalidade, distorção cognitiva, delírio coletivo e sacralização da causa. De posse do púlpito, o dirigente americano esbanjou comportamentos de autopromoção, glorificando as próprias realizações de forma superlativa, afirmando que sua gestão em quarenta e três dias teve realizações superiores a totalidade das administrações passadas. Chegando a conclusão de que se trata da presidência mais bem-sucedida da história dos Estados Unidos da América, inclusive estando acima de George Washington. Despojado de inibição, Trump usou termos pejorativos para se referir aos imigrantes ilegais, chamando-os de monstros e associando-os a criminosos violentos. Tipo de linguagem verificada em personalidades com traços psicopáticos. Igualmente, difundiu dados deturpados e inconsistentes com o panorama verídico, ao listar milhões de beneficiários da Previdência Social com idades impossíveis, incluindo uma pessoa com trezentos e sessenta anos de idade, inquestionável indicativo do esforço de manipulação. Aliás, a proposta de impor tarifas recíprocas sem análise aprofundada das consequências, aponta para atitude tomada pela impulsividade e procura por ações ousadas, oriundas de fortes distúrbios de ordem emocional. Portanto, vamos enumerar a quantidade de disfuncionalidades mentais evidenciadas por Donald Trump naquela fatídica noite: 1) transtorno narcisista da personalidade (carência descomunal por admiração e falta de empatia); 2) transtorno paranoide da personalidade (desconfianças profundas e suspeitas infundadas); 3) transtorno explosivo intermitente (raiva intensa e desproporcional); 4) transtorno de ansiedade generalizada (cenário apocalíptico) e 5) transtorno de personalidade antissocial (desprezo pelas normas sociais). Além da coleção dessas patologias, também pode-se encontrar a exteriorização de egolatria, comprovada por meio da exaltação de si mesmo: “este é o governo mais eficiente da história dos Estados Unidos e ninguém jamais viu um líder alcançar tanto em tão pouco tempo”, divagação que tenta coloca-lo como “único capaz de governar com sucesso, sendo que qualquer alternativa seria desastrosa”, circunstância que lhe confere a necessidade obsessiva de ser adorado e obter validação pública. “Comigo, a América sempre vencerá”, entre outras declarações, serviu como pretexto para conclamar os presentes a ovacioná-lo, reforçando a autopercepção como líder incomparável e insubstituível. "Nunca houve nada parecido com isso". "Assinei quase cem ordens executivas e tomei quatrocentas ações executivas, um recorde para restaurar o bom senso, a segurança, o otimismo e a riqueza em todo o nosso maravilhoso país”. "Durante o governo de Joe Biden, o pior presidente da história americana, havia centenas de milhares de travessias ilegais por mês...", diagnóstico claro do sentimento de superioridade. Em suma, a sociedade global situa-se diante de alguém com tendências inequívocas de descolamento da realidade concreta, verdadeira bomba de insolência que comanda a nação com maior poderio do mundo. Justamente, um sujeito com propensão e capacidade para difusão do clima de esquizofrenia e medo em âmbito planetário. A partir deste contexto, provavelmente logo estaremos averiguando na terra de Tio San, e demais países, a proliferação de protestos violentos e radicalização de grupos extremistas com a resultante deterioração das instituições democráticas baseadas no equilíbrio entre pesos e contrapesos. E durma-se com um barulho desses, Ferreira Gullar.
Nilton C. Tristão
Cientista Político
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